Como a atual convenção coletiva de trabalho assinada entre o sindicato de supermercadistas (Sindigêneros) e o dos comerciários vence no final de junho, cresce entre os empresários do setor um movimento para a retomada da abertura dos mercados aos domingos a partir de julho. Essa ideia chegou a ser cogitada já em 2020, mas com a explosão da pandemia do novo coronavírus, que obrigou uma série de restrições no comércio em geral, os planos de abertura aos domingos acabaram tendo de ser adiados. O novo presidente eleito do Sindigêneros, Gilberto Cremonese, que vai assumir a entidade em abril, diz que a tendência é de abertura dos mercados aos domingos a partir de julho, após 14 anos de proibição do uso de mão de obra contratada nesse dia. Questionado se essa mudança de planos tem a ver com a chegada da loja da rede catarinense Havan, que abre aos domingos por ser loja do comércio, ele negou.
- Não tem a ver com a chegada da Havan, de forma nenhuma. Tem mais a ver com Santa Maria ser polo regional e a questão de que a comunidade anseia pela abertura. A venda do domingo vai tirar venda dos outros dias, pois ninguém vai comprar mais do que é necessário. Mas, de repente, vai aliviar mais nas viradas de mês, pois vai ter um dia a mais para o pessoal comprar. Essa (abertura aos domingos) é uma tendência que está praticamente consolidada - afirmou Cremonese.
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Nos próximos meses, vão iniciar as negociações com o Sindicato dos Comerciários e, em maio ou junho, uma assembleia do Sindigêneros vai aprovar a proposta definitiva. Como a lei federal diz que o uso de mão de obra contratada é liberado aos domingos e vetado em feriados, exceto quando há uma convenção coletiva de trabalho definindo o contrário, se não houver acordo para assinar uma convenção, valerá o que está na lei. Ou seja, abertura aos domingos e fechamento em feriados.
- Se abrir, certamente será todos os domingos, mas a questão de horários é uma discussão que ainda não se fez e não sei qual a tendência. Vamos discutir isso e tomar uma decisão em cima de tudo o que a gente está vendo. Vamos tomar uma decisão e levar em consideração a questão do polo regional e os consumidores que estão há tempo almejando que se reabram os mercados aos domingos em Santa Maria - disse Cremonese.
Questionado se a intenção é manter a abertura em feriados, ele respondeu.
- Aí já é outra questão, pois não depende dos mercados somente. Os feriados têm de ter convenção coletiva para poder abrir. Daí, vamos sentar com o presidente do Sindicato dos Comerciários, o Rogério Reis, um cidadão que sempre tivemos divergência de ideias, mas muito respeito. Daí, vamos sentar e negociar também os feriados com eles. Talvez, não se leve todos, mas que os principais a gente consiga abrir. Mas para abrir em feriados, precisa convenção coletiva - afirmou Cremonese.
A advogada Márcia Souza dos Santos, que representa o Sindicato dos Comerciários, diz que a entidade vai lutar para a manutenção das regras da atual convenção, com proibição do uso de mão de obra aos domingos e liberação em feriados, por entender que isso é o melhor para Santa Maria. Na avaliação dela, o setor supermercadista cresceu na cidade nesses últimos 14 anos porque, ao proibir o uso de mão de obra aos domingos, deu igualdade de concorrência entre pequenos, médios e grandes supermercados. Segundo Márcia, os pequenos e médios mercados locais não têm pessoal suficiente para preencher escalas de trabalho nos sete dias da semana e que acabam sendo prejudicados pela concorrência com grandes redes de fora.
- Além disso, as redes de fora não gastam em Santa Maria, não compram nem reinvestem na cidade, o dinheiro vai para fora - defende Márcia.
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